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Quando o amor volta: por que amamos o tropo da segunda chance nos romances

Se tem um trope que sabe brincar com o coração da gente, é a segunda chance. É aquele tipo de história que começa com um final (eles separados, insira emoji dramático aqui) e depois tem a audácia de perguntar: “e se ainda não fosse o fim?”


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O que é o tropo de segunda chance


O romance de segunda chance gira em torno de duas pessoas que já se amaram no passado e que, por algum motivo (drama, orgulho, distância, decisões ruins, o apocalipse emocional da juventude, gente malvada), se separaram. Anos depois, o destino (ou uma autora muito romântica) as coloca frente a frente outra vez.


E agora? O amor sobreviveu? Ou as feridas antigas ainda estão doendo demais?


O tropo inteiro existe para responder a essa pergunta e nos fazer sofrer deliciosamente no processo.


Por que amamos tanto esse trope


  • Porque ele mistura nostalgia e esperança

Ele mexe com aquela pergunta que costumamos nos fazer: “e se eu tivesse feito diferente?”. Uma segunda chance é a fantasia do recomeço, a chance de corrigir os erros, de consertar o que doeu, de reescrever a própria história de amor.


  • Porque envolve crescimento individual

Romances sobre segundas chances são histórias de amor, sim, mas, antes disso, sobre amadurecimento. As personagens precisam mudar, aprender, perdoar, se despir do ego, resolver mágoas do passado. É o tropo que diz: “para reencontrar o amor, você precisa se encontrar, primeiro.”


  • Porque tem muita, muita tensão (sexual, de preferência)

São os olhares carregados de passado. Ou as conversas cheias de “você não mudou nada” ao mesmo tempo que “mas você mudou demais”. Segundas chances são a combinação perfeita de ressentimento e desejo reprimido, e nós simplesmente adoramos quando nosso casal simplesmente libera esse desejo.


  • Porque o amor antigo tem história

Uma segunda chance não é sobre uma paixão que nasce do nada. O casal já vem com bagagem, memórias, cicatrizes e beijos guardados na lembrança. Isso faz cada reencontro, cada toque e cada reconciliação ter um peso diferente.


  • Porque ele fala sobre perdão

No fim das contas, esse tropo é sobre a cura. Sobre aceitar que o amor nem sempre acerta na primeira vez e que, às vezes, é preciso se perder para se reencontrar.


O desafio de escrever (ou ler) um romance de segunda chance

O segredo desse tropo está no equilíbrio entre o passado e o presente. A história precisa nos mostrar o que deu errado antes (sem nos fazer odiar o casal) e, ao mesmo tempo, mostrar por que agora pode ser diferente.


E sabemos que o "deu errado" não pode ser apenas birra, porque assim a leitora já pega ranço do casal. Até os problemas de comunicação precisam ser consistentes. Quem não perde a paciência com um casal que nunca conversa?


Autoras que dominam o trope fazem isso construindo:

  • flashbacks emocionais, que nos mostram o “antes” com doçura e dor;

  • reencontros cheios de faíscas, que reavivam o “agora” com intensidade;

  • e um novo começo, que prova que o amor só vale a pena se houver amadurecimento.


Se você está pensando em escrever uma segunda chance, reflita: o motivo da separação tem que ser bom e o motivo do reencontro tem que ser irresistível.

  • Evite separar o casal por um mal-entendido que poderia ter sido resolvido com uma única conversa de 5 minutos.

  • Mostre como o tempo de separação mudou os personagens. O que eles aprenderam? Quem eles se tornaram? O que eles precisavam consertar em si mesmos para finalmente funcionar juntos?


Três tipos clássicos de casais reciclados nas segundas-chances:


O "ex-casal" se separa de várias formas, o que gera sub-tropos deliciosos:


1. Amigos de infância

  • Motivo da separação: mudança de cidade, insegurança adolescente, ou a clássica 'declaração não feita'.

  • Reencontro: geralmente é um volta para a cidade natal, muitas vezes naquele clichezão de reunir a família ou os amigos depois de muitos anos.



2. Namorados da faculdade/carreira

  • Motivo da separação: prioridades de carreira, um não estava pronto para compromisso, ou a falta de comunicação nível Chernobyl.

  • Reencontro: viram colegas de trabalho (ou o novo chefe/a nova funcionária). Geralmente, o clichê da proximidade forçada ou da secretária/chefe.


3. O amor perdido (trágico/drama total)

  • Motivo da separação: um mal-entendido gigante, segredo de família, mentiras pesadas ou um timing terrivelmente ruim (tipo ele viaja no dia errado, ela recebe a carta errada, etc.).

  • Reencontro: um tem que voltar por um evento familiar (casamento, funeral, herança).



Segundas chances têm um lugar especial em nosso coração de leitora.

Esses romances falam de redenção e todas nós amamos uma boa redenção (afinal, libertinos regenerados são os melhores mocinhos!) Eles nos lembram que o amor é imperfeito, que às vezes a vida separa para depois unir de novo. E que, quando duas pessoas se reencontram mais maduras, mais honestas e mais dispostas, talvez, dessa vez, o “para sempre” tenha uma chance real.


Um romance de segunda chance de sucesso não é sobre voltar para o passado, é sobre construir um futuro melhor com a única pessoa que faz sentido.

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Tatiana Mareto Escritora

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