Friends to lovers: um tropo perigoso disfarçado de fofo

Ah, o friends to lovers. O rejeitado. Aquele que muitas leitoras esquecem até que existe. O tropo que parece inofensivo — até a hora em que você percebe que está chorando (de raiva, talvez?) porque dois melhores amigos demoraram dez anos pra perceber o óbvio.

Se o enemies to lovers é o fogo que nasce da raiva, da mágoa e do ranço instaurado, o friends to lovers é o calor que cresce devagar, silencioso, até virar incêndio. É o amor que já estava ali o tempo todo e só esperava de uma boa de coragem para ser enxergado.

O que é, afinal, o friends to lovers?

É aquele tipo de romance em que dois amigos muito próximos (confidentes, parceiros, companheiros inseparáveis) percebem, em algum momento, que o sentimento ultrapassou a fronteira da amizade.

Chandler e Monica sendo perfeitos juntos

Eles já sabem tudo um sobre o outro: as manias, as piadas internas, os traumas, as decepções amorosas anteriores (e mesmo assim não se importam com nada disso). O amor, aqui, não começa com um olhar ou uma briga, mas com um laço de confiança. E é justamente isso que torna a história tão perigosa: porque, quando o amor entra, o risco de perder a amizade também entra junto.

Por que esse trope pode ser tão viciante?

1. O amor é construído lentamente.

No friends to lovers temos um slow burn de respeito. Ele é tão slow que pode levar anos para cozinhar. Não há paixão súbita nem beijos roubados depois de brigas. O amor que devagar, entre confidências de madrugada, piadas bobas e abraços que duram um segundo a mais.

2. Total entrega e vulnerabilidade.

Eles se conhecem de verdade. Já viram o pior um do outro e mesmo assim, ficaram. Esse tropo mostra que o amor não precisa de máscaras (nem de removê-las depois de um tempo). É a amizade que se transforma em desejo, sem que nenhuma das duas precise deixar de existir.

3. O risco é alto (stakes lá em cima)

Se o romance der errado (e sabemos que pode acontecer), acabou tudo. Não há drama mais tenso do que perceber que você pode perder o amor e o amigo ao mesmo tempo. Esse perigo emocional nos coloca na torcida pelo casal com o coração na mão.

Ainda bem que romances sempre têm final feliz, né?

4. É um tropo extremamente identificável.

Quem nunca teve um “quase”? Um amigo que era quase algo mais, quase uma história de ampr? O friends to lovers toca em um medo e um desejo universais: o de enxergar o amor onde ele sempre esteve.

A diferença entre amizade e amor (ou a linha mais fina do mundo)

O encanto desse tropo é geralmente o momento em que a amizade deixa de ser amizade. O toque no ombro que antes era conforto agora faz o coração disparar. O amigo começa a parecer bonito demais e a amiga vira desejável subitamente. E aquele abraço casual se torna o melhor momento do dia.

É nessa fronteira delicada — entre o que eles faziam todo dia e o desejo que surgiu ali — que mora a magia do friends to lovers.

Opinião impopular:

o friends pode ser muito melhor do que o enemies.

Se o inimigo / desafeto / pessoa detestável desperta o instinto, o amigo desperta o afeto. No friends to lovers, o amor é baseado em história compartilhada. Eles não precisam se provar um ao outro — já o fizeram mil vezes (e nenhum dos dois viu nada, mas deixa baixo. Por isso, quando finalmente se apaixonam, o amor é profundo, maduro, merecido.

Convenhamos: é um deleite assistir ao momento em que eles percebem que estão apaixonados. É cada tapa na cara que a gente ama! De repente lá está ele sonhando com ela e acordando molhado, ou ela olhando para lugares dele que antes pareciam extremamente improváveis.

Você também tem isso no enemies, mas, se ele não for bem trabalhado, vai parecer apenas birra ou pirraça de gente adulta. Esse risco você não corre no friends, porque eles não hesitam em ficarem juntos por picuinha, mas porque, se o romance não engrenar, a amizade vai para o ralo.

Em toda a minha vida, eu nunca pensei que seria tão sortuda de me apaixonar pelo meu melhor amigo.

Os ingredientes perfeitos do friends to lovers

1. História compartilhada: eles têm passado, memórias e cumplicidade.

2. Toques de ciúme: o primeiro indício de que “algo mudou”?

3. Uma tensão não dita: olhares longos, mãos que se tocam e não se afastam.

4. Um catalisador: algo que obriga um deles a enxergar o outro com novos olhos (um encontro com outra pessoa, uma separação, um segredo revelado).

5. O medo de perder: o obstáculo emocional que segura o leitor até o último capítulo.

eu nunca me canso desse tropo!

O friends to lovers é uma fanfic muito possível. Diferente do amor à primeira vista, o friends to lovers parece muito mais real, familiar, alcançável. Quando os personagens finalmente se beijam, não é o começo — é a culminação de tudo o que eles já viveram.

O friends to lovers não é apenas um romance. É uma celebração da paciência, da lealdade e do tipo de amor que nasce quando ninguém está tentando impressionar ninguém.

Diz pra mim, leitora do Tativerso, você gosta de friends to lovers? Me conte mais!

Ps: Os gifs são do casal Mondler, da série Friends. O maior friends to lovers de todo o universo!